domingo, 27 de dezembro de 2009


AO INVÉS DE ENTRAR EM PÂNICO...




          Uma ambulância não é a única viagem que exige coragem. Pode ser o último contracheque, a última solução ou o último suspiro de fé. Cada nascer do sol parece trazer novas razões para se ter medo. Todos têm falado sobre demissões no trabalho, redução na economia, explosões no Oriente Médio, rotatividade nas empresas, quedas no mercado imobiliário, aumento do aquecimento global. Algum ditador enlouquecido está colecionando ogivas nucleares como outros colecionam vinhos finos. Uma variação de gripe H1N1. A praga dos nossos dias, o terrorismo, começa com a palavra TERROR.
          Temos medo de sermos processados, de sermos os últimos a terminar algo, de ficarmos sem dinheiro; tememos a pinta que apareceu nas costas, o vizinho novo, o som do relógio enquanto nos aproximamos de nossa sepultura. Sofisticamos planos de investimentos, criamos elaborados sistemas de segurança e legislamos por um exército mais forte e, no entanto, dependemos de calmantes mais do que qualquer outra geração na história. Além do mais, a criança comum hoje tem o mesmo nível de ansiedade de um paciente psiquiátrico comum na década de cinqüenta.



            O medo, ao que parece, alugou o prédio ao lado por cem anos e ali se estabeleceu. Enorme e rude, o medo não está disposto a dividir o coração com a felicidade. A felicidade obedece. Você já viu os dois juntos? Uma pessoa pode ser feliz e ter medo ao mesmo tempo? Ter o pensamento claro e temer? Estar confiante e amedrontado? Ter misericórdia e medo? Não. O medo é o grande valentão no corredor da escola: impetuoso, barulhento e improdutivo. Por todo o barulho que faz e pelo espaço que ocupa, o medo não traz muita coisa boa.
           O medo nunca escreveu uma sinfonia ou um poema, negociou um trato de paz nem curou uma doença. O medo nunca libertou uma família da pobreza nem um país da intolerância. O medo nunca salvou um casamento ou um negócio. A coragem o fez. A fé o fez. As pessoas que se recusaram a ouvir ou a se curvar ao medo fizeram. Mas, e o medo propriamente dito, o que ele faz? O medo nos aprisiona e tranca as portas. Não seria maravilhoso escapar? Imagine sua vida inteira intocada pela angústia. E se a fé, não o medo, fosse a sua reação-padrão a ameaças? Imagine um dia ao menos livre do medo do fracasso, da rejeição e da calamidade. Você consegue imaginar uma vida sem medo? 

            Certa vez, Jesus e seus discípulos estavam em um barco quando sobreveio uma tempestade repentina. Enquanto todos se desesperavam, Jesus dormia. Observamos que Jesus estava no barco com Eles. Jesus não estava observando de fora da situação e sim, estava passando pelo mesmo problema.  Esta história dá um lembrete: embarcar com Cristo pode significar se molhar com Cristo. Os discípulos podem esperar mares violentos e bravos. “Neste mundo vocês terão [não ‘podem ter` ou ‘talvez tenham`] aflições” (João 16:33).Os seguidores de Cristo contraem malária, enterram crianças e lutam contra o vício e, como resultado, encontram o medo.



  
           Os discípulos gritam; Jesus sonha. O trovão ruge; Jesus ronca. Ele não tira uma soneca ou descansa. Ele dorme. Você poderia dormir em um momento como esse? Jesus sabia da tempestade que vinha e ainda assim dormiu. Seu sono perturba os discípulos e eis os pronunciamentos:
“Senhor, salva-nos! Vamos morrer!” (Mateus 8:25)
“Mestre, não te importas que morramos? (Marcos 4:38)
          Eles não perguntaram sobre o poder de Jesus: “Tu consegues parar a tempestade?” Nem sobre seu conhecimento: “Tu estás ciente da tempestade?” Ou sobre seu Know-How: “Tens alguma experiência com tempestades?” Mas, em vez disso, levantaram dúvidas sobre o caráter de Jesus: “Não te importas...?”
          O medo faz isso. O medo corrói nossa confiança na bondade de Deus. Começamos a nos perguntar se o amor habita os céus. Se Deus pode dormir em nossas tempestades, se seus olhos se mantêm cerrados quando os nossos se arregalam, se Ele permite tempestades depois de entrarmos em seu barco, ele se importa? O medo libera um enxame de dúvidas que nos deixam com raiva e nos transforma em maníacos controladores. “Faça alguma coisa a respeito da tempestade!” é a exigência implícita da questão. “Conserte ou... ou... ou você vai ver!” O medo, em sua essência, é uma perda nítida de controle. Quando a vida gira loucamente, agarramos um componente da vida que podemos controlar: uma dieta, a arrumação da nossa casa, as compras ou, em muitos casos, as pessoas. Quanto mais inseguros nos sentimos, mais malvados nos tornamos. Grunhimos e mostramos nossas garras. Por quê? Porque somos maus? Em parte. Mas também porque nos sentimos encurralados.




CONTINUA...

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